Mundos Paralelos - capítulo 6 - 6.2
6-6.2
12 de junho de 2013. Ao entardecer.
Levantando uma nuvem de poeira ferruginosa, a caravana de quatro veículos de guerra e um de exploração, entram na Havern Umbr pelo nordeste, vindos da parte norte do canal. Retorna a expedição de resgate composta por vinte nativos e dez visitantes, encabeçados por Aldo e Lon, que viajam no primeiro veículo.

Voltam cansados, sujos, mas com um sorriso no rosto. Vurón Garlak, os irmãos Tarn e o seu veículo foram resgatados dos aborígines do Magta Ers (Canal Verde), sem mais danos que algumas feridas superficiais. Os aborígines da floresta pretendiam comê-los, e os capturaram ao atolar-se seu veículo no lamaçal da margem direita do canal.
Houve luta, foi preciso matar alguns seres, mas não houve baixas entre marcianos e terrestres. A aventura foi boa para a confraternização de nativos e visitantes. Tudo foi satisfatório e agora, retornavam em marcha lenta, cansados e felizes.
Os veículos eram ótimos para o deserto e Aldo estava encantado com eles.
–Estes veículos me serviriam muito bem, Lon.
–São ótimos no deserto e canal, possuem elementos de flutuação...
–Falarei com seu pai para que me ceda vinte deles... Claro que deverei pagar por eles. A propósito o que vocês usam como moneda?
–Moneda? – As pupilas de Lon dilataram-se – o que é isso?
A palavra “moeda” foi pronunciada em espanhol. Aldo não encontrava o significado do conceito no seu cérebro, e sua cabeça começava a doer pelo esforço.
–É um objeto de intercâmbio.
–Você quer dizer que deseja possuir veículos e dar alguma coisa em troca...
–Sim. Como fazem vocês para trocar coisas, ou adquiri-las?
–Usamos uma Unidade de Trabalho. É o tempo empregado por uma pessoa para fazer um trabalho qualquer.
–Explique.
–Por exemplo, para construir um veículo, determinada quantidade de pessoas emprega uma determinada quantidade de tempo. Esse é o “valor” do veículo.
–E vocês têm, digamos, uma tabela que determine os valores das coisas?
–Temos.
–E quanto é o valor de um veículo destes?
–Aproximadamente 220 Unidades.
Aldo ficou calado. Não tinha idéia de como determinar o valor das coisas e desconhecia o valor dos objetos que possuía no acampamento.
De repente teve uma inspiração:
–Existe algo que seja muito valioso para vocês? Um metal, por exemplo.
–Sim, o eracl. É valioso porque é escasso.
Aldo buscou na mente o significado de eracl. O esforço fez sua cabeça latejar.
–Ferro!
–Quê disse?
–Eracl. Já sei o que é. Temos algum e podemos extraí-lo do solo deste planeta.
–Se você conseguir isso, meu pai mudará sua opinião sobre os visitantes.
Estavam à metade de caminho entre o canal e o acampamento, atravessando a depressão conhecida pelos marcianos como Havern Umbr e pelos terrestres como
Hondonada Negra em espanhol, quando ouviram um trovão no céu, onde ao que se saiba, nunca chove. Lon Vurián assomou a cabeça pela janela do veículo.
–Aldo, está chegando outra de vossas naves!
–Não pode ser – disse Aldo incrédulo – não esperamos naves por esta época.
–Vai descer bem perto daqui.
–Acelere, Lon, quero ver que nave é essa.
A nave desceu de popa, 1500 metros adiante, ficando em posição vertical.
A vegetação ardeu em torno à nave desconhecida, mas sem dúvida terrestre.
Sua estrutura central evidentemente foi feita com um container padrão. Distribuídas simetricamente ao redor, quatro carcaças de Antílopes com os devidos motores, completavam a estrutura. Quatro asas perpendiculares serviam de patas de sustentação e seguravam a estrutura em posição vertical. Sua ponta era um avião foguete espacial da classe Martelo.
Do chão até o topo media oitenta metros de altura. Parecia um cargueiro. Perto da base surgiram extintores que aspergiram de espuma as chamas ao redor. Ao dissipar-se a fumaça, um dos antárticos disse:
–São caracteres chineses!
–Essa escrita é japonesa – disse outro.
–O pessoal da Lua! – exclamou Aldo – Valerión pode estar entre eles!
A cinco metros do solo, abriu-se uma escotilha.
–Quê desenho excelente – disse Aldo – uma nave vertical!
Uma escada saiu pela escotilha e desdobrou-se. Surgiram três indivíduos com vestimentas evidentemente Antárticas; Trajes marrons, mochilas e capacetes brancos, luvas, cintos e botas negros. Nos braceletes as bandeiras antártica e japonesa. Aldo e seus homens saíram da vegetação e aproximaram-se a pé na clareira carbonizada e fumegante. Os recém chegados manifestaram surpresa e Aldo sintonizou seu radio à freqüência lunar usual:
–Me escutam? – perguntou Aldo em espanhol.
Os japoneses fizeram corteses reverências e um deles respondeu:
–Perfeitamente. Vocês formam parte da expedição antártica, presumo?
–Eu sou Aldo.
–Eu sou Itaro Fuchida, capitão da Ikeya-Maru e meus acompanhantes são: meu filho Chuichi e meu neto Maya Terasaki.
–É um prazer – disse Aldo – Quantos são vocês?
–Quatro homens e quatro mulheres.
–Se o desejam, todos vocês podem acompanhar-nos ao Ponto de Apoio onde estaremos mais à vontade para conversar.
–Nos sentiremos honrados, capitão. Haverá perigo em deixar a nave sozinha?
–Não, se fechada e de escudo ligado. Vocês têm algum veículo com rodas?
–Não, a carga é toda de equipamento eletrônico e combustível.
–Então, capitão Fuchida; abordem os veículos. Deveremos percorrer ainda 22 kms até o acampamento.
–Tanto se afastam vocês de sua base?
–Sim. E fazemos coisas que você nem imagina. No caminho contar-lhe-ei o que puder para deixá-lo em dia. Vamos!

Voltam cansados, sujos, mas com um sorriso no rosto. Vurón Garlak, os irmãos Tarn e o seu veículo foram resgatados dos aborígines do Magta Ers (Canal Verde), sem mais danos que algumas feridas superficiais. Os aborígines da floresta pretendiam comê-los, e os capturaram ao atolar-se seu veículo no lamaçal da margem direita do canal.
Houve luta, foi preciso matar alguns seres, mas não houve baixas entre marcianos e terrestres. A aventura foi boa para a confraternização de nativos e visitantes. Tudo foi satisfatório e agora, retornavam em marcha lenta, cansados e felizes.
Os veículos eram ótimos para o deserto e Aldo estava encantado com eles.
–Estes veículos me serviriam muito bem, Lon.
–São ótimos no deserto e canal, possuem elementos de flutuação...
–Falarei com seu pai para que me ceda vinte deles... Claro que deverei pagar por eles. A propósito o que vocês usam como moneda?
–Moneda? – As pupilas de Lon dilataram-se – o que é isso?
A palavra “moeda” foi pronunciada em espanhol. Aldo não encontrava o significado do conceito no seu cérebro, e sua cabeça começava a doer pelo esforço.
–É um objeto de intercâmbio.
–Você quer dizer que deseja possuir veículos e dar alguma coisa em troca...
–Sim. Como fazem vocês para trocar coisas, ou adquiri-las?
–Usamos uma Unidade de Trabalho. É o tempo empregado por uma pessoa para fazer um trabalho qualquer.
–Explique.
–Por exemplo, para construir um veículo, determinada quantidade de pessoas emprega uma determinada quantidade de tempo. Esse é o “valor” do veículo.
–E vocês têm, digamos, uma tabela que determine os valores das coisas?
–Temos.
–E quanto é o valor de um veículo destes?
–Aproximadamente 220 Unidades.
Aldo ficou calado. Não tinha idéia de como determinar o valor das coisas e desconhecia o valor dos objetos que possuía no acampamento.
De repente teve uma inspiração:
–Existe algo que seja muito valioso para vocês? Um metal, por exemplo.
–Sim, o eracl. É valioso porque é escasso.
Aldo buscou na mente o significado de eracl. O esforço fez sua cabeça latejar.
–Ferro!
–Quê disse?
–Eracl. Já sei o que é. Temos algum e podemos extraí-lo do solo deste planeta.
–Se você conseguir isso, meu pai mudará sua opinião sobre os visitantes.
Estavam à metade de caminho entre o canal e o acampamento, atravessando a depressão conhecida pelos marcianos como Havern Umbr e pelos terrestres como
Hondonada Negra em espanhol, quando ouviram um trovão no céu, onde ao que se saiba, nunca chove. Lon Vurián assomou a cabeça pela janela do veículo.
–Aldo, está chegando outra de vossas naves!
–Não pode ser – disse Aldo incrédulo – não esperamos naves por esta época.
–Vai descer bem perto daqui.
–Acelere, Lon, quero ver que nave é essa.
A nave desceu de popa, 1500 metros adiante, ficando em posição vertical.
A vegetação ardeu em torno à nave desconhecida, mas sem dúvida terrestre.
Sua estrutura central evidentemente foi feita com um container padrão. Distribuídas simetricamente ao redor, quatro carcaças de Antílopes com os devidos motores, completavam a estrutura. Quatro asas perpendiculares serviam de patas de sustentação e seguravam a estrutura em posição vertical. Sua ponta era um avião foguete espacial da classe Martelo.
Do chão até o topo media oitenta metros de altura. Parecia um cargueiro. Perto da base surgiram extintores que aspergiram de espuma as chamas ao redor. Ao dissipar-se a fumaça, um dos antárticos disse:
–São caracteres chineses!

–Essa escrita é japonesa – disse outro.
–O pessoal da Lua! – exclamou Aldo – Valerión pode estar entre eles!
A cinco metros do solo, abriu-se uma escotilha.
–Quê desenho excelente – disse Aldo – uma nave vertical!
Uma escada saiu pela escotilha e desdobrou-se. Surgiram três indivíduos com vestimentas evidentemente Antárticas; Trajes marrons, mochilas e capacetes brancos, luvas, cintos e botas negros. Nos braceletes as bandeiras antártica e japonesa. Aldo e seus homens saíram da vegetação e aproximaram-se a pé na clareira carbonizada e fumegante. Os recém chegados manifestaram surpresa e Aldo sintonizou seu radio à freqüência lunar usual:
–Me escutam? – perguntou Aldo em espanhol.
Os japoneses fizeram corteses reverências e um deles respondeu:
–Perfeitamente. Vocês formam parte da expedição antártica, presumo?
–Eu sou Aldo.
–Eu sou Itaro Fuchida, capitão da Ikeya-Maru e meus acompanhantes são: meu filho Chuichi e meu neto Maya Terasaki.
–É um prazer – disse Aldo – Quantos são vocês?
–Quatro homens e quatro mulheres.
–Se o desejam, todos vocês podem acompanhar-nos ao Ponto de Apoio onde estaremos mais à vontade para conversar.
–Nos sentiremos honrados, capitão. Haverá perigo em deixar a nave sozinha?
–Não, se fechada e de escudo ligado. Vocês têm algum veículo com rodas?
–Não, a carga é toda de equipamento eletrônico e combustível.
–Então, capitão Fuchida; abordem os veículos. Deveremos percorrer ainda 22 kms até o acampamento.
–Tanto se afastam vocês de sua base?
–Sim. E fazemos coisas que você nem imagina. No caminho contar-lhe-ei o que puder para deixá-lo em dia. Vamos!
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