Mundos Paralelos - Capítulo 9-9.1
Capítulo IX
9-9.1
9-9.1
30 de novembro de 2013.
Cada uma das comunidades marcianas tinha uma característica; a de Darnián era sua vasta cultura geral. Eram exploradores, viajantes, tinham dado a volta ao seu mundo várias vezes, e apenas não se entendiam com os vizinhos de Hariez.

A cidade-estado de Darnián estava situada a quase quinhentos kms ao sul do equador, na região de Paraná Vallis. Seus habitantes não gostavam dos seus rivais de Hariez, mas ao saber que Lon Vurián e seu grupo eram renegados e aliados dos visitantes, confraternizaram sem maiores problemas. Sua reação, ao saber que os visitantes ocuparam a Zona Contestada e resistiram à violenta pressão de Hariez; foi positiva. Já que não podiam ser donos da área; era melhor que caísse em mãos dos visitantes e não nas de Hariez. Por isso concordaram em construir o espaço-porto.
A civilização darniana era a mais desenvolvida.
Observadores do espaço e possuidores de excelentes equipamentos de rádio; fazia mais de 35 anos marcianos ou 67 terrestres que captavam transmissões da Terra.

Quando fizeram contato no século anterior com os pioneiros da Haunebu-3, aprenderam a gama de freqüências das ondas de rádio terrestres e alguns idiomas. Não ignoravam que os pioneiros da Haunebu-3 fugiam de uma guerra perdida num mundo onde gente sem tecnologia espacial os derrotara; não por ter cérebro superior, maior moralidade ou justiça maior; senão pelo fato bruto e simples da sua superioridade numérica.
Tamanho barbarismo deixara-os em alerta todos estes anos; preocupados com uma invasão.
Nesse meio tempo; capturaram a nave soviética Marte 3 que fez o primeiro pouso no planeta. Isso lhes indicou que a invasão viria. As sondas americanas Viking 1 e 2 também pousaram, com o que os darnianos começaram a preparar-se, construindo armas. E não somente eles, já que a noticia da possível invasão circulou por todo o mundo. E isto se repetiu por ocasião do pouso da sonda Mars Observer, que depois de um ano perdeu contato com a Terra porque os darnianos a destruíram.

Em julho de 1997, a nave Pathfinder pousou em Ares Vallis levando o robô Sojourner, dotado de rodas. Capaz de transmitir imagens em três dimensões, o robô colheu amostras de rochas, mas assim que suas baterias esgotaram, os darnianos o capturaram.
Por tudo isso, eles conheciam bastante sobre a civilização terrestre, mas nunca tentaram contato com a Terra por medo de serem atacados mais cedo ou mais tarde. Em contrapartida, era obvio que os americanos sabiam que existia vida em Marte, mas ocultaram o fato do povo simples.
Um dos Líderes Cientistas de Darnián; Lon Der-Sur, entendia inglês e um pouco de espanhol, por ser encarregado de monitorar a Terra. Ele custodiava a sonda Viking 1 e o robô Sojourner. A Viking 2 estava em Atlantos, do outro lado do planeta, onde Darnián possuía uma estação transmissora.
Lon Der-Sur confraternizou com seu homônimo de Hariez quando o encontrou, anos atrás, numa expedição paleontológica.
Lon Der-Sur soube, pelas transmissões dos visitantes, que o idioma predominante era o espanhol. Ficou em dúvida por não saber se estes visitantes eram ou não, inimigos dos pioneiros da Haunebu-3.

Lon Vurián organizou uma caravana e foi a Darnián com alguns engenheiros terrestres para convencer os darnianos de que os terrestres vieram em paz e também para expor seus planos de construir um astroporto perto da cidade e um centro de treinamento para darnianos; dirigido pelos visitantes.
Agora, os amigos outra vez se encontraram e o hariezano atualizou o darniano com seus recém adquiridos conhecimentos sobre os alienígenas. Lon Der-Sur gostou da idéia e conseguiu das autoridades darnianas que o espaço-porto fosse construído.
Darnián, diferente de Hariez, governava-se por um sistema particularíssimo.
Havia um Parlamento ou Conselho de Quatrocentos Notáveis, acima dos quais estavam os Quatro Anciões.
Acima destes estavam os Dois Executores, e sobre eles O Líder, escolhido pelos Quatrocentos Notáveis.
Não existiam eleições, o povo acatava as determinações do governo sem questionar, porque sua autoridade era indiscutível; se existiam Quatrocentos Notáveis, era porque eles eram realmente Notáveis e suas decisões sem dúvida tinham que ser sábias.
Esta é, resumidamente, a cidade de Darnián, situada na região de Paraná Vallis, ao sul do equador, onde em poucos minutos, no seu novíssimo astroporto de tecnologia terrestre, seria vista e ouvida descendo a astronave Hércules, comandada pelo Líder antártico.
O atrito esquentou a proa até a incandescência, envolvendo-a em chamas. Os tubos de popa despediram uma grossa linha de fumaça azul ao reentrar na atmosfera.
O fogo diminuiu e a nave deslizou em direção à pista de dois mil metros da cidade de Darnián, que estava alerta para não perder o espetáculo insólito.

–Já se vê a pista, Aldo.
–Abaixe as rodas, Elvis. Pressão, Marcos?
–Dez mil unidades, normal para descer.
–Suficiente, procure mantê-la assim. Altura?
–Duzentos. Estaríamos despenteando-os, se tivessem os cabelos longos.
–Velocidade, zero ponto quatro Mach, Aldo.
–Preparados para pousar. Marcos estabilize a pressão, Elvis, vigie os sistemas interiores, Mara, está gravando?
–Desde que partimos. O computador poderá recriar cada movimento que faça no painel. Da próxima vez não precisaremos tantas precauções.
–Temos a pista embaixo de nós – informou Elvis.
Logo sentiram o contato das rodas com a pista e o assobio dos amortecedores de ar. A nave do tamanho de um Boeing 747 do século passado, embora mais curta, rodou entre a fumaça dos freios e os assobios dos amortecedores, testados ao máximo.
A pista foi aproveitada até o fim para testar as rodas. Por fim a Hércules deteve-se.
Aldo acionou os servo-motores das rodas, fazendo a nave taxiar até as construções.
Em dois demorados e teatrais minutos, chegou até o local de desembarque e a nave parou em posição de serviço ao largo da plataforma.
–Deixe o motor ligado por alguns minutos, Elvis. Mara! Venha comigo.
Os motores ficaram gerando energia. Pelos tubos saía uma incandescência azul
e ouvia-se um ruído surdo.
No edifício havia uma multidão. Lon Vurián e seu homônimo Lon Der-Sur esperavam junto às autoridades. A eclusa abriu-se e a escada automática desdobrou-se para que Aldo e sua irmã descessem. Lon Vurián e Lon Der-Sur adiantaram-se. Aldo e Mara ligaram os microfones exteriores.

–Qué sorpresa! – disse Lon Vurián em espanhol – não vi essa nave chegar!
–Não chegou. Foi construída na base. Vamos ao que interessa, Lon. Trouxe ferro para vendê-lo à comuna darniana.
–Ferro?
–Eracl. 600 kalegs cúbicos do metal.
–Tanto?
Lon Vurián estava incrédulo. 600 kalegs cúbicos de ferro era muito ferro. Um kaleg equivale a cinco toneladas terrestres. Aldo e Mara foram conduzidos para um edifício onde havia algumas pessoas de alto nível. Foram apresentados aos dirigentes locais e aos Executores. Estes foram logo querendo saber se eles eram inimigos dos pioneiros da Haunebu-3.
–Não, senhores. Isso foi há muito tempo. A guerra terminou – respondeu Aldo, percebendo que entrava em terreno minado.
Os darnianos guardavam boas lembranças dos pioneiros da Haunebu-3.
Sem dúvida suspeitavam que Aldo e seu grupo estavam caçando-os. Aldo fora informado e sabia que eles há mais de sessenta anos ouviam rádios da Terra, mas não sabia até que ponto eles entendiam o que ouviam. Um dos anfitriões insistiu na sua língua:
–Os gentis pioneiros vieram fugindo de um mundo onde já não podiam mais viver, segundo disseram – traduziu Lon Der-Sur, o único a falar espanhol – e se vocês conseguiram vir aqui; é claro que vieram em perseguição deles.
Aldo percebeu que seria difícil convencer os darnianos de que dizia a verdade.

A cidade-estado de Darnián estava situada a quase quinhentos kms ao sul do equador, na região de Paraná Vallis. Seus habitantes não gostavam dos seus rivais de Hariez, mas ao saber que Lon Vurián e seu grupo eram renegados e aliados dos visitantes, confraternizaram sem maiores problemas. Sua reação, ao saber que os visitantes ocuparam a Zona Contestada e resistiram à violenta pressão de Hariez; foi positiva. Já que não podiam ser donos da área; era melhor que caísse em mãos dos visitantes e não nas de Hariez. Por isso concordaram em construir o espaço-porto.
A civilização darniana era a mais desenvolvida.
Observadores do espaço e possuidores de excelentes equipamentos de rádio; fazia mais de 35 anos marcianos ou 67 terrestres que captavam transmissões da Terra.

Quando fizeram contato no século anterior com os pioneiros da Haunebu-3, aprenderam a gama de freqüências das ondas de rádio terrestres e alguns idiomas. Não ignoravam que os pioneiros da Haunebu-3 fugiam de uma guerra perdida num mundo onde gente sem tecnologia espacial os derrotara; não por ter cérebro superior, maior moralidade ou justiça maior; senão pelo fato bruto e simples da sua superioridade numérica.
Tamanho barbarismo deixara-os em alerta todos estes anos; preocupados com uma invasão.
Nesse meio tempo; capturaram a nave soviética Marte 3 que fez o primeiro pouso no planeta. Isso lhes indicou que a invasão viria. As sondas americanas Viking 1 e 2 também pousaram, com o que os darnianos começaram a preparar-se, construindo armas. E não somente eles, já que a noticia da possível invasão circulou por todo o mundo. E isto se repetiu por ocasião do pouso da sonda Mars Observer, que depois de um ano perdeu contato com a Terra porque os darnianos a destruíram.

Em julho de 1997, a nave Pathfinder pousou em Ares Vallis levando o robô Sojourner, dotado de rodas. Capaz de transmitir imagens em três dimensões, o robô colheu amostras de rochas, mas assim que suas baterias esgotaram, os darnianos o capturaram.
Por tudo isso, eles conheciam bastante sobre a civilização terrestre, mas nunca tentaram contato com a Terra por medo de serem atacados mais cedo ou mais tarde. Em contrapartida, era obvio que os americanos sabiam que existia vida em Marte, mas ocultaram o fato do povo simples.
Um dos Líderes Cientistas de Darnián; Lon Der-Sur, entendia inglês e um pouco de espanhol, por ser encarregado de monitorar a Terra. Ele custodiava a sonda Viking 1 e o robô Sojourner. A Viking 2 estava em Atlantos, do outro lado do planeta, onde Darnián possuía uma estação transmissora.
Lon Der-Sur confraternizou com seu homônimo de Hariez quando o encontrou, anos atrás, numa expedição paleontológica.
Lon Der-Sur soube, pelas transmissões dos visitantes, que o idioma predominante era o espanhol. Ficou em dúvida por não saber se estes visitantes eram ou não, inimigos dos pioneiros da Haunebu-3.

Lon Vurián organizou uma caravana e foi a Darnián com alguns engenheiros terrestres para convencer os darnianos de que os terrestres vieram em paz e também para expor seus planos de construir um astroporto perto da cidade e um centro de treinamento para darnianos; dirigido pelos visitantes.
Agora, os amigos outra vez se encontraram e o hariezano atualizou o darniano com seus recém adquiridos conhecimentos sobre os alienígenas. Lon Der-Sur gostou da idéia e conseguiu das autoridades darnianas que o espaço-porto fosse construído.
Darnián, diferente de Hariez, governava-se por um sistema particularíssimo.
Havia um Parlamento ou Conselho de Quatrocentos Notáveis, acima dos quais estavam os Quatro Anciões.
Acima destes estavam os Dois Executores, e sobre eles O Líder, escolhido pelos Quatrocentos Notáveis.

Não existiam eleições, o povo acatava as determinações do governo sem questionar, porque sua autoridade era indiscutível; se existiam Quatrocentos Notáveis, era porque eles eram realmente Notáveis e suas decisões sem dúvida tinham que ser sábias.
Esta é, resumidamente, a cidade de Darnián, situada na região de Paraná Vallis, ao sul do equador, onde em poucos minutos, no seu novíssimo astroporto de tecnologia terrestre, seria vista e ouvida descendo a astronave Hércules, comandada pelo Líder antártico.
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O atrito esquentou a proa até a incandescência, envolvendo-a em chamas. Os tubos de popa despediram uma grossa linha de fumaça azul ao reentrar na atmosfera.
O fogo diminuiu e a nave deslizou em direção à pista de dois mil metros da cidade de Darnián, que estava alerta para não perder o espetáculo insólito.

–Já se vê a pista, Aldo.
–Abaixe as rodas, Elvis. Pressão, Marcos?
–Dez mil unidades, normal para descer.
–Suficiente, procure mantê-la assim. Altura?
–Duzentos. Estaríamos despenteando-os, se tivessem os cabelos longos.
–Velocidade, zero ponto quatro Mach, Aldo.
–Preparados para pousar. Marcos estabilize a pressão, Elvis, vigie os sistemas interiores, Mara, está gravando?

–Desde que partimos. O computador poderá recriar cada movimento que faça no painel. Da próxima vez não precisaremos tantas precauções.
–Temos a pista embaixo de nós – informou Elvis.
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Logo sentiram o contato das rodas com a pista e o assobio dos amortecedores de ar. A nave do tamanho de um Boeing 747 do século passado, embora mais curta, rodou entre a fumaça dos freios e os assobios dos amortecedores, testados ao máximo.
A pista foi aproveitada até o fim para testar as rodas. Por fim a Hércules deteve-se.
Aldo acionou os servo-motores das rodas, fazendo a nave taxiar até as construções.
Em dois demorados e teatrais minutos, chegou até o local de desembarque e a nave parou em posição de serviço ao largo da plataforma.

–Deixe o motor ligado por alguns minutos, Elvis. Mara! Venha comigo.
Os motores ficaram gerando energia. Pelos tubos saía uma incandescência azul
e ouvia-se um ruído surdo.
No edifício havia uma multidão. Lon Vurián e seu homônimo Lon Der-Sur esperavam junto às autoridades. A eclusa abriu-se e a escada automática desdobrou-se para que Aldo e sua irmã descessem. Lon Vurián e Lon Der-Sur adiantaram-se. Aldo e Mara ligaram os microfones exteriores.

–Qué sorpresa! – disse Lon Vurián em espanhol – não vi essa nave chegar!
–Não chegou. Foi construída na base. Vamos ao que interessa, Lon. Trouxe ferro para vendê-lo à comuna darniana.
–Ferro?
–Eracl. 600 kalegs cúbicos do metal.
–Tanto?
Lon Vurián estava incrédulo. 600 kalegs cúbicos de ferro era muito ferro. Um kaleg equivale a cinco toneladas terrestres. Aldo e Mara foram conduzidos para um edifício onde havia algumas pessoas de alto nível. Foram apresentados aos dirigentes locais e aos Executores. Estes foram logo querendo saber se eles eram inimigos dos pioneiros da Haunebu-3.
–Não, senhores. Isso foi há muito tempo. A guerra terminou – respondeu Aldo, percebendo que entrava em terreno minado.

Os darnianos guardavam boas lembranças dos pioneiros da Haunebu-3.
Sem dúvida suspeitavam que Aldo e seu grupo estavam caçando-os. Aldo fora informado e sabia que eles há mais de sessenta anos ouviam rádios da Terra, mas não sabia até que ponto eles entendiam o que ouviam. Um dos anfitriões insistiu na sua língua:
–Os gentis pioneiros vieram fugindo de um mundo onde já não podiam mais viver, segundo disseram – traduziu Lon Der-Sur, o único a falar espanhol – e se vocês conseguiram vir aqui; é claro que vieram em perseguição deles.
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