Mundos Paralelos - Capítulo 3 - 3.20
21 de maio de 2013. Ao anoitecer.

–Como sabem – disse Inge – do outro lado do canal, 200 kms ao leste; há uma cidade da qual temos mais detalhes graças às imagens que vocês coletaram. Nossos homens atravessaram o deserto e estão á beira de um dos lagos que a delimitam. Aldo sabe que podemos pegá-los em qualquer momento com a Antílope, já que posso pilotá-la por meio do sistema. Afinal fui eu que a programei.
–Mas agora estamos nós. Proponho ir buscá-los na minha nave – disse Elvis.
–Acho que devíamos ir buscá-los, já que as naves devem ter sido avistadas, menos a de Elvis, que chegou em direção oposta. – disse Andrés.
–Os marcianos devem ser cegos para não ter-nos notado... –disse Luis.
–Podemos usar o veículo de colchão de ar que eu trouxe – disse Elvis – os rapazes o testaram hoje de manhã e funciona que é uma maravilha nesta gravitação.
–Sugestão descartada Elvis – disse Inge – A floresta é fechada, o Engesa teve que ser modificado para abrir uma trilha na mata.
–Essa trilha deve de existir, Reverenda – disse Luis – vou enviar meus homens no Cascavel. Tudo o que o Engesa faz, o Cascavel também faz.
–Descartado o Cascavel, Luis. Abandonaram o Engesa na beira da água. O canal é profundo e do outro lado há uma parede de vinte metros – rebateu Inge.
–Vamos até o Engesa e daí com impulsores – disse Luis, sedento de ação.
–Quê acha, Inge? – perguntou Elvis.
–Depender dos impulsores é um pouco arriscado.
–Tudo é arriscado! – disse Luis – Os antárticos vivemos perigosamente...!
–Somos antárticos...! – gritou Andrés.
–Vocês são umas maravilhas! – exclamou Inge.
–Claro; Reverenda! Somos antárticos...! – concordou Luis – Não fumamos, não bebemos, não comemos carne, não dizemos palavrões e deitamos cedo!
–Lindos! – arrepiou-se a jovem.
–Inge, ligue o terminal – disse Regina – está na hora.
*******.
–Estou feliz de que chegassem bem, amigos. Como foi a jornada? O inimigo não lhes enviou interceptores, como fez comigo?–Não. E por falar nisso, Aldo – disse Luis – recebemos a notícia de que o espião foi capturado quando tentava sabotar o sistema de defesa aérea.
–Mas que petulância! E o que fizeram com ele?
–O fizeram confessar. A ditadura sabia nosso roteiro até o lançamento da minha nave. Mas entregou os cúmplices em Antártica. Eram doze.
–Doze! Mas isso é uma desgraça! O que faz a nossa segurança?
–Foi reformulada. Ele entregou espiões e traidores em Brasil e Argentina. O Esquadrão Shock os pegou com estardalhaço para dar o exemplo. O Esquadrão está motivado agora que chegamos a Marte. Os atuais membros do Esquadrão; à diferença dos Primeiros, são cruéis e vaidosos, adoram publicidade. Os malditos espiões e os traidores vendidos tiveram mortes horríveis e exemplares.
–Excelente, e os sabotadores de Antártica, o que foi feito deles?
–Após julgamento sumário, foram fuzilados em Tierra del Fuego com transmissão ao vivo pela RTVV e seus corpos incinerados. Na Lua foi decretado feriado festivo e na Terra a JNN disse que era mais um crime bárbaro dos Antárticos, “... esses fanáticos criminosos fascistas e terroristas que querem sabotar a Nova Ordem Mundial...”.
–Estamos mordendo os imundos e está doendo-lhes. Nos últimos setenta anos ninguém teve a ousadia de enfrentá-los...
–Falando em ousadia, como estão vocês? Já se transformaram numa lenda viva, sabia? Conte uma prévia para os camaradas...
–Como devem de saber, já passamos o deserto de areia. Lembra os bichos da floresta que pareciam morcegos cruzados com aranha, Elvis?
–Sim, o monstro típico marciano (*). Ray Bradbury iria adorar.
–Topamos com alguns que moram na areia, são os parentes vitaminados dos outros, pequenos, de um metro de altura, que moram na floresta.
–Não parecem ameaçadores com um metro...
–Estes não. À noite caçam bichos menores e ficam quietos durante o dia, como palmeiras. Boris pegou o facão, e disse: “Vou tirar uma amostra de

–Em nome da segurança, Aldo – suplicou Luis – não façam isso. O que tinha para ser feito já foi feito. Vocês estão indefesos demais.
–Se chegamos até aqui, devemos prosseguir. Meus camaradas concordam.
–Como estão de mantimentos e munição? – interveio Inge, muito séria – Vão atravessar 20 kms de água num barco de brinquedo Não sabemos o que há nessa água. Talvez monstros piores dos que já encontraram e vocês estão com pouca munição.
–Reverenda, os deuses velam por nós...
–Mas podem perder a paciência com as suas molecagens – interveio Elvis.
–É verdade – disse Luis – Eu vou buscar vocês, queiram ou não! Não me importam esses marcianos, Aldo. Acho que sabem de nós e isso já é muito perigoso.
–Está bem, vocês venceram – concordou Aldo por fim.
–Finalmente entras em razão – disse Inge.
–Está na hora de dar-nos a conhecer. Acamparemos aqui. Há rochas, estamos protegidos, a boa distância da praia, há espaço para pousar uma nave com luz de sol. Sabem onde estamos com precisão de metros. Amanhã, abordamos a nave e vamos visitar os marcianos. O quê acha?
–Melhor impossível – disse Andrés.
–Então, estamos conversados. Até amanhã e durmam bem por aí!
–E vocês também – disse Inge – Mais uma coisa, Aldo...!
–Sim, Reverenda?
–Te amo.
–Que feliz coincidência, eu também!
Os que não estavam trabalhando foram dormir. Amanhã seria um dia agitado.
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