AFFONSO BLACHEYRE Algumas palavras antes do prefacio. Conheci o escritor e tradutor Affonso Blacheyre no final dos anos 80 e início dos 90. Foi me apresentado como o tradutor para inglês dos livros da editora na qual eu era gerente. Eu estava no meu gabinete e o diretor da editora me disse quem era esse homem de barba e cabelos brancos. Não sabia eu que se iniciava uma nova etapa da minha vida, onde encontraria um igual para dialogar, debater e ponderar sobre o mundo e o universo. O diretor saiu de cena e Affonso ficou de pé na frente da minha mesa e então disse: –Quero que saiba que eu sou um gênio. –Que bom! – respondi – Agora somos dois! Se iniciava uma amizade que compartilharíamos por sete anos de cartas, visitas, telefonemas, livros, comentários, debates, e muito respeito. Não havia limites para nossos assuntos sobre história, filosofia, política, família e livros. Sete anos para ter um irmão foi muito pouco. Ainda hoje, após 25 anos do seu falecimento, sinto que nossas conv...
Estamos a 3.000 anos-luz do Vaticano. Arthur C. Clarke 1917-2008 Um dia, acreditei que o espaço não tinha poderes sobre a fé, assim como acreditava que os céus proclamariam a glória da obra de deus. Agora, já vi essa obra e minha fé se encontra seriamente abalada. Olho para o crucifixo, suspenso na parede da cabine, acima do computador Mark VI, e pela primeira vez em minha vida me pergunto se não será um símbolo vazio. Ainda não contei a ninguém, mas a verdade não pode ser escondida. Os fatos estão lá para todos lerem, registrados em quilômetros sem conta de fita magnética e nos milhares de fotografias que transportamos de volta à terra. Outros cientistas poderão interpretá-las tão facilmente quanto eu, e não serei eu quem vai compactuar em ocultar a verdade, fato quase sempre responsável pela má fama da nossa ordem nos velhos dias. A tripulação já se encontra suficientemente deprimida e não sei como eles aceitarão esta ironia final. Poucos dentre eles possuem qu...
7-7.4 26 de junho. De manhã. O Auto-N deslocava-se em direção à Havern Umbr, levantando uma nuvem de poeira ferruginosa que ficava longo tempo no ar. Os jovens antárticos admiravam mais uma vez a paisagem à qual estavam habituados. Sentiam a sensação que sentem as pessoas quando percebem que mudaram de país. Uma euforia agradável. Após minutos de alucinante vôo a um metro e meio do chão, entraram na depressão, seguindo a trilha dos veículos com rodas. Diminuíram a marcha para não esbarrar em grandes arbustos, e logo chegaram à Ikeya-Maru, uma imponente torre de 80 metros que se destacava sobre a vegetação. Chiyoko desligou o escudo com o controle do seu cinturão e o Auto-N deteve-se na área carbonizada de vinte metros de raio em torno à nave. Após pegarem alguns objetos, desceram e fecharam o Auto-N. Com Chiyoko na frente, subiram um a um pela escada e entraram na eclusa, fechando a porta e acionando as válvulas. Quando acendeu a luz verde, levantaram as viseiras dos ca...
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