Mundos Paralelos - Capítulo 9-9.11

9-9.11
Terça Feira, 24 de dezembro de 2013.

Nas três naves que partiram para a Terra só foram pilotos e navegadores. Por isso no Ponto de Apoio havia muita gente capacitada; pelo que Aldo, que já estava com a lista; esperava formar a melhor das tripulações para a melhor das naves.

E o futuro provaria que ele estava certo.

Essa noite, as crianças da base celebravam a Véspera de Natal na escolinha, festa católica de origem pagã, organizada pelo padre Caselli. Era uma festinha gentil e singela, oferecida aos adultos pelas crianças, com uma representação teatral e outras coisas bonitas e inocentes. Aldo não pôde deixar de gostar. Os adultos estavam felizes e divertiram-se. A Rádio e TV Marciana (RTVM); transmitiu a festa às luas e a todo o planeta. Foi captada em Darnián, Hariez; nos pólos e Angopak. Os terrestres instalaram equipamentos em todos os pontos estratégicos, onde tinham contato com nativos amistosos. Horas depois o sinal foi captado nas naves que retornavam à Terra.

Na festa, Aldo e seus colaboradores não prestavam atenção porque estavam ocupados com outros problemas que discutiam entre uma lata de cerveja e outra.

–Senhores, está decidido, não podemos esperar mais. Partiremos à zero hora da quarta-feira 1º de janeiro de 2014; ou seja, daqui a uma semana.

–Ótimo! – exclamou Konstantin Diakonov – Selecionou a tripulação?

–Sim. 34 pessoas – aqui está a lista.

–Ach! – exclamou Von Kruger – Vamos fazer as coisas em grande!

–Pare de fazer suspense e mostre! – exclamou Boris.

–O capitão serei eu, claro; na falta de outro melhor. Não, não riam, moleques. O imediato será você, Boris; piloto o tenente Rutger Rojo Weiss; e o navegador será você, camarada Konstantin.

–Sinto-me grato pela lembrança.

–É sem dúvida o mais capacitado para conduzir-nos tão longe em território desconhecido... E ainda através do cinturão de asteróides, que deve ser perigoso.

–Concordo totalmente – disse Boris.

–No terminal principal do sistema e sensores; Regina, minha conselheira.

–Linda e capacitada – disse Boris.

–Claro, devemos unir o útil ao agradável – disse Aldo, e em seguida:

–Chefes de departamento: comunicações e sistemas; Ingeborg.

–Linda e capacitada, também – disse Boris.

–Eu já disse... Útil e agradável. Primeiro cientista; professor von Kruger.

–Mein Gott! Vou para Júpiter! Devo fazer minhas malas!

–Médica chefe e segundo oficial de ciências, doutora Lídia Maximova, agora Diakonova. Detesto separar um casal feliz, Konstantin.

–Também acho – disse o russo – útil e agradável.

–Linda e capacitada, também – observou Aldo e prosseguiu:

–Engenharia; o primeiro engenheiro, o grego Constantino Karapsias.

–Não é muito jovem?

–É cria de Valerión, Boris. Sabe tudo.

–Não discuto.

–Propulsão antigravidade, antimatéria, o primeiro maquinista, o Russo Alegre; engenheiro Basil Gregorovitch Muslimov.

–Esse é bom – observou Lúcio – montou todos esses motores.

–Sala de torpedos de proa primeiro artilheiro, o irlandês George Grubber.

–Nosso chefe da segurança?

–Sim, Boris. Primeiro eletricista; Julian Cables Torres, o chileno. Esses são os chefes de departamento. Os reservas: Segundo engenheiro; Karl Henschel.

0–Na Antarte era chamado de fazedor de milagres – disse Konstantin.

–Pois é. Precisamos dele. Segundo maquinista; Alexander Otto Dreisen; segundo eletricista Simon Gart; sala de torpedos de popa, segundo artilheiro Cássio Índio Báez; primeiro contramestre; John Marnes, o norte-americano...

–Que não lhe ouça, Aldo. Ele se considera um confederado.

–Confederado; Boris?

–Odeia o norte. É sulista de Virgínia, sabe; O Vento Levou e tudo isso...

–Entendi. Sobrecargo, astronauta de serviço Rafael Martos, o espanhol; o segundo contramestre Carlos Bachín; terceiro contramestre, Otelo Negro Báez, depois temos, para cozinheiro, padeiro e nutricionista...

–Precisamos de um cozinheiro?

–Claro; Boris. Numa crise ou no caso de pane não podemos distrair nosso tempo controlando estoques de comida e água, purificadores de água e ar, preparo da comida, limpeza da nave, cozinha, banheiros e privada. Não numa viagem dessas, na qual podemos até entrar em combate. Além do mais serão muitos a bordo e alguns deles não se conhecem ainda. Precisamos um profissional que coordene as tarefas do sobrecargo e dos contramestres no trabalho de bordo e o controle dos alimentos.

–E quem é esse coitado?

–Não o chame de coitado, Lúcio. Sua função é fundamental. É um veterano de submarinos, seu compatriota italiano Piero Gatti, mais conhecido por “Mudo”.

–Mudo? Por quê?

–Quando lhe perguntam o quê colocou na comida, fica mudo.

–Ah!

–Depois os astronautas de serviço Setembrino Bino Mendes, Gregório Greg Paz, Antônio Toni Benítez, Vladimir Chekov, Edgar Ruiz, Carlos de Paula, Karl Wassermann, Carlos de Leon...

–Todos veteranos.

–Sim, Boris. Para concluir, os pilotos de caça franceses: Jacques Cartier, Adolphe D’Hastrel, Ives de Saint-Hilaire e os russos Thomas Tom Cikutovitch e Ivan Ivanovitch Kowalsky.

–Pilotos de caça? – perguntou Boris.

–Há seis aviões novos CH-II acoplados. Além disso, como sabes, piloto ocioso a bordo é pau para toda obra, lavar pratos, limpar banheiros, esfregar o convés...

–Mas nomeou cinco pilotos, Aldo. Sobra um avião...

–O meu, é claro, o avião reserva. Estou louco para pilotar essa belezinha.

–Claro.

–O quê vocês acharam da minha seleção?

–Uma equipe da pesada – disse Lúcio – os melhores.

–Não podia ser melhor – disse Boris.

–Têm uma semana para fazer as malas. Já coloquei a bordo quase tudo o que é meu. Inclusive as novas armaduras...

–Armaduras? – perguntou Konstantin.

–Os novos trajes de tecnologia marciano-terrestre – interveio Lúcio – couraças de vitrocerâmica que suporta descargas phaser de cinco milímetros, laser de até cinco milímetros e disparos de fuzil marciano a cinqüenta metros. O pessoal não descansou no ponto. Foi idéia minha; modesto como sempre. Vocês vão preparados para tudo.

–Vamos, sim. Nós somos os vilões, desta vez.

–Continuamos sendo – corrigiu Lúcio.


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Mundos Paralelos ® – Textos: Gabriel Solis - Arte: André Lima.

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