Mundos Paralelos - Capítulo 9-9.2
9-9.2
Os darnianos eram um povo diferente; governado por uma casta de intelectuais desconfiados, fleumáticos e orgulhosos. Diferenciavam-se até no modo de vestir.
Suas roupas de uso diário, soltas e coloridas eram mais artisticamente elaboradas do que as espartanas e funcionais roupas de Hariez ou as simples e rústicas roupas de Angopak.
Apenas as excelentes botas de couro de wok trabalhadas artisticamente; fortes e funcionais, providas de bolsos e compridas até metade da coxa, pareciam comuns a todos eles; talvez imprescindíveis para caminhar nos desertos.
Usavam seus cabelos compridos amarrados em complicados laços ou artisticamente trançados. Ostentavam brincos nas orelhas e anéis nos dedos, enquanto os angopakis nada usavam de enfeite, assim como os hariezanos; que só colocavam brincos em ocasiones especiais.
Os angopakis cortavam o cabelo rente ao crânio e enfeitavam as botas com desenhos rústicos. As botas dos hariezanos careciam de qualquer enfeite a não ser simples gravuras em alto relevo e cortavam o cabelo em complicados desenhos, talvez a única marca de distinção que estes sofridos seres se permitiam.
Aldo procurou ser convincente:
–Não, não perseguimos os pioneiros.
–Não? – Os olhares dos Executores demonstravam sua natural desconfiança.
–Para dizer verdade – disse Aldo – nós nem sabíamos da sua existência, a não ser algumas velhas lendas românticas nas quais não acreditávamos; sobre uma viagem, que para nós; na época em que foi dito que isso aconteceu, era impossível. Isso não foi divulgado após a guerra. Os vencedores nada disseram ao resto do mundo.
–Não entendemos como isso pode ser possível – disse um dos Executores.
Aldo armou-se de paciência. Não seria fácil, porque ele, educado em ciências exatas, não conhecia bem a história das guerras do século XX, e o confessou:
–Não sou versado em história. Sou um capitão do espaço. Minha formação é essencialmente técnica. Na base temos professores que sabem mais. Se vocês quiserem posso mandar alguns. Tudo o que sei sobre isso é o que li num comunicado que recebi do meu mestre, um cientista notável que fez nossa região passar à frente de outra, que governa tiranicamente a maior parte das regiões... E são muitas, a Terra é maior que Gopak, há mais de cem regiões diferentes...

–Sabemos que falam muitos idiomas – disse o darniano.
–O que sempre ouvi dizer, eu, que não sou perito em História; é que, após vencerem a guerra; os inimigos dos pioneiros assumiram o controle total do mundo, com o que as notícias e as comunicações, tiveram que ser censuradas; se vocês sabem o que isso quer dizer. Quando nasci, fazia muito tempo que isso tinha terminado. Eu nasci no mundo dos vencedores. Recentemente surgiu um poder que estava oculto desde muito tempo atrás, e foi dominando as regiões uma por uma, até transformar-se em tirania. Isto foi há pouco, já disse. Eu era bem jovem e inexperiente.
–E esse poder novo que surgiu... – disse Lon Der-Sur traduzindo a pergunta de um dos Executores – É inimigo dos pioneiros da Haunebu-3?
–Talvez seja, não sei com certeza – respondeu Aldo evasivamente – mas sei que esse poder novo é perverso e nocivo. Quando tive a idade apropriada declarei a guerra a ele. Por isso estou aqui; para encontrar espaço vital para meu povo e voltar um dia com a morte e a destruição para meus inimigos.
–E se você encontrasse os Primeiros...?
–Farei contato amistoso se eles permitirem; mas, pessoalmente, penso que não estão aqui... Engano-me?
–Não estão, não. Mas ainda se estivessem?
–Diria a eles que tinham razão em fugir; que fizeram bem. Mas falharam no seu plano de voltar; porque não voltaram para vingar-se; o que me leva a pensar que talvez não existam mais.
–Mas eles podem existir, ainda em algum lugar do universo...
–Não creio, não – disse Aldo com pouca convicção, e afirmou:
–Mas nós existimos e voltaremos para destruir a tirania. Recuperaremos nossa força aqui e daremos o golpe quando eles menos o esperem.
–Os Executores ainda não estão convencidos – disse o darniano.
Aldo levantou a voz e disse em língua marciana:
–Eu sei que vocês prezam pais e mães. Então saibam que os meus pais foram perseguidos, presos, torturados e assassinados pela ditadura terrestre...!
E acrescentou, mudando o tom; arrependido por perder seu autocontrole; o que poderia ser muito inconveniente:

–Não me interessa se vocês estão preocupados com o prejuízo que eu possa ocasionar a uns poucos e quase míticos terrestres que vieram aqui há muito tempo e quem sabe hoje se ainda estão vivos; fato que duvido e na verdade pouco me afeta; tenho mais o que fazer do que me preocupar com eles.
Aldo fez uma pausa para apreciar o efeito das suas palavras e acrescentou:
–Se não tivesse visto e tocado o que deixaram no Magta Haunebu; não acreditaria neles. Meu interesse não é a pesquisa histórica. Tenho outras prioridades.
–E quais seriam? – perguntou um dos Executores diretamente; vendo que Aldo dominava bastante bem a língua.
–Como já disse; nós também fugimos de um mundo em dissolução, de uma ditadura que domina pelo medo e a violência. Somos contrários a esse governo, somos dissidentes, rebeldes; viemos aqui para reorganizar nossa força e voltar.
–E se o governo enviar tropas para capturá-los ou exterminá-los? – interveio um outro dignitário darniano.
–Impossível! – afirmou Aldo categoricamente – Temos tecnologia superior, patrulhamos o espaço imediato e as naves deles são inferiores às nossas. Eles não têm capacidade para fazer a guerra no espaço; estão com muitos problemas internos que nossos agentes provocadores criam constantemente.
–Mas se eles dominam o planeta todo... Como pode ser que não tenham mais poder do que vocês no espaço?
–Eles não podem dominar pessoas de mente superior como nós. Seu domínio baseia-se na total ignorância dos dominados, uma plebe embrutecida e alienada por drogas e mídia, que não sabe que é escrava e tolamente pensa que é livre.
–Situação curiosa.
–Sim, – concordou Aldo – nossos inimigos não podem voltar-se à ciência se não recrutarem cérebros capacitados. Mas nós, os melhores; não gostamos de ser dominados. Por isso conseguimos ludibriá-los e fugir para o espaço. Nosso retorno será terrível para eles. A sua derrota, agora é apenas uma questão de tempo.
Suas roupas de uso diário, soltas e coloridas eram mais artisticamente elaboradas do que as espartanas e funcionais roupas de Hariez ou as simples e rústicas roupas de Angopak.

Apenas as excelentes botas de couro de wok trabalhadas artisticamente; fortes e funcionais, providas de bolsos e compridas até metade da coxa, pareciam comuns a todos eles; talvez imprescindíveis para caminhar nos desertos.
Usavam seus cabelos compridos amarrados em complicados laços ou artisticamente trançados. Ostentavam brincos nas orelhas e anéis nos dedos, enquanto os angopakis nada usavam de enfeite, assim como os hariezanos; que só colocavam brincos em ocasiones especiais.
Os angopakis cortavam o cabelo rente ao crânio e enfeitavam as botas com desenhos rústicos. As botas dos hariezanos careciam de qualquer enfeite a não ser simples gravuras em alto relevo e cortavam o cabelo em complicados desenhos, talvez a única marca de distinção que estes sofridos seres se permitiam.
Aldo procurou ser convincente:
–Não, não perseguimos os pioneiros.
–Não? – Os olhares dos Executores demonstravam sua natural desconfiança.
–Para dizer verdade – disse Aldo – nós nem sabíamos da sua existência, a não ser algumas velhas lendas românticas nas quais não acreditávamos; sobre uma viagem, que para nós; na época em que foi dito que isso aconteceu, era impossível. Isso não foi divulgado após a guerra. Os vencedores nada disseram ao resto do mundo.
–Não entendemos como isso pode ser possível – disse um dos Executores.
Aldo armou-se de paciência. Não seria fácil, porque ele, educado em ciências exatas, não conhecia bem a história das guerras do século XX, e o confessou:
–Não sou versado em história. Sou um capitão do espaço. Minha formação é essencialmente técnica. Na base temos professores que sabem mais. Se vocês quiserem posso mandar alguns. Tudo o que sei sobre isso é o que li num comunicado que recebi do meu mestre, um cientista notável que fez nossa região passar à frente de outra, que governa tiranicamente a maior parte das regiões... E são muitas, a Terra é maior que Gopak, há mais de cem regiões diferentes...

–Sabemos que falam muitos idiomas – disse o darniano.
–O que sempre ouvi dizer, eu, que não sou perito em História; é que, após vencerem a guerra; os inimigos dos pioneiros assumiram o controle total do mundo, com o que as notícias e as comunicações, tiveram que ser censuradas; se vocês sabem o que isso quer dizer. Quando nasci, fazia muito tempo que isso tinha terminado. Eu nasci no mundo dos vencedores. Recentemente surgiu um poder que estava oculto desde muito tempo atrás, e foi dominando as regiões uma por uma, até transformar-se em tirania. Isto foi há pouco, já disse. Eu era bem jovem e inexperiente.
–E esse poder novo que surgiu... – disse Lon Der-Sur traduzindo a pergunta de um dos Executores – É inimigo dos pioneiros da Haunebu-3?
–Talvez seja, não sei com certeza – respondeu Aldo evasivamente – mas sei que esse poder novo é perverso e nocivo. Quando tive a idade apropriada declarei a guerra a ele. Por isso estou aqui; para encontrar espaço vital para meu povo e voltar um dia com a morte e a destruição para meus inimigos.
–E se você encontrasse os Primeiros...?
–Farei contato amistoso se eles permitirem; mas, pessoalmente, penso que não estão aqui... Engano-me?
–Não estão, não. Mas ainda se estivessem?
–Diria a eles que tinham razão em fugir; que fizeram bem. Mas falharam no seu plano de voltar; porque não voltaram para vingar-se; o que me leva a pensar que talvez não existam mais.
–Mas eles podem existir, ainda em algum lugar do universo...
–Não creio, não – disse Aldo com pouca convicção, e afirmou:
–Mas nós existimos e voltaremos para destruir a tirania. Recuperaremos nossa força aqui e daremos o golpe quando eles menos o esperem.
–Os Executores ainda não estão convencidos – disse o darniano.
Aldo levantou a voz e disse em língua marciana:
–Eu sei que vocês prezam pais e mães. Então saibam que os meus pais foram perseguidos, presos, torturados e assassinados pela ditadura terrestre...!
E acrescentou, mudando o tom; arrependido por perder seu autocontrole; o que poderia ser muito inconveniente:

–Não me interessa se vocês estão preocupados com o prejuízo que eu possa ocasionar a uns poucos e quase míticos terrestres que vieram aqui há muito tempo e quem sabe hoje se ainda estão vivos; fato que duvido e na verdade pouco me afeta; tenho mais o que fazer do que me preocupar com eles.
Aldo fez uma pausa para apreciar o efeito das suas palavras e acrescentou:
–Se não tivesse visto e tocado o que deixaram no Magta Haunebu; não acreditaria neles. Meu interesse não é a pesquisa histórica. Tenho outras prioridades.
–E quais seriam? – perguntou um dos Executores diretamente; vendo que Aldo dominava bastante bem a língua.
–Como já disse; nós também fugimos de um mundo em dissolução, de uma ditadura que domina pelo medo e a violência. Somos contrários a esse governo, somos dissidentes, rebeldes; viemos aqui para reorganizar nossa força e voltar.
–E se o governo enviar tropas para capturá-los ou exterminá-los? – interveio um outro dignitário darniano.
–Impossível! – afirmou Aldo categoricamente – Temos tecnologia superior, patrulhamos o espaço imediato e as naves deles são inferiores às nossas. Eles não têm capacidade para fazer a guerra no espaço; estão com muitos problemas internos que nossos agentes provocadores criam constantemente.
–Mas se eles dominam o planeta todo... Como pode ser que não tenham mais poder do que vocês no espaço?
–Eles não podem dominar pessoas de mente superior como nós. Seu domínio baseia-se na total ignorância dos dominados, uma plebe embrutecida e alienada por drogas e mídia, que não sabe que é escrava e tolamente pensa que é livre.
–Situação curiosa.
–Sim, – concordou Aldo – nossos inimigos não podem voltar-se à ciência se não recrutarem cérebros capacitados. Mas nós, os melhores; não gostamos de ser dominados. Por isso conseguimos ludibriá-los e fugir para o espaço. Nosso retorno será terrível para eles. A sua derrota, agora é apenas uma questão de tempo.
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