Mundos Paralelos - Capítulo 8-8.5
8-8.5
21 de agosto de 2013.
Reunião de capitães e pilotos no Ponto de Apoio.

–Muitos não se adaptarão e deverão voltar – disse o capitão da Antarte.
–Estou de acordo com você Andrés. Mas o que mais me interessa de momento é saber mais sobre os agregados – disse Aldo.
–Maya teimou em ir ao Japão – interveio Alfredo – conversou em japonês com seus amigos pelo canal celular. Deixamos atrás os caças inimigos, pousamos num descampado perto de Nagashaki e ele pegou o espaço-moto e saiu voando. Uma hora depois voltou com a garota e sua bagagem na garupa.
–Foi um casamento rápido – disse Maya.
–O casal de russos esperava em Antártica – disse Alfredo.
–E o genoma deles?
–Agora é padrão em Antártica, Aldo. Veio equipamento e programas. Adeus às impressões digitais, exame de íris e o mais!
–Se tivéssemos tido isso na Lua, sete meses atrás, teríamos evitado todas aquelas mortes... – murmurou Aldo.
–Quanto aos três franceses – disse Alfredo – aventureiros dos bons. Estavam numa embarcação de dois mastros no Pacífico. Arrancaram a Marca e pretendiam ir para Taiti. Nos chamaram quando íamos para o Japão. Passaram pelo exame e oferecemos carona para qualquer país que desejassem, mas insistiram em vir aqui. Eles merecem. Em Antártica os prepararam. São desertores, lutaram na África quando a França exterminou toda a população do Senegal com gases e ficaram enojados.

–Boa pescaria. – disse Aldo – E com respeito ao religioso?

–Esperava em Antártica. Passou pelo exame, assim como o Dr. Kauffmann e os russos. Patrick Cabot também nos esperava lá. Nossa chegada foi descoberta pelo inimigo; mas a RTVV combateu fogo com fogo e fez uma festa. Agitou bastante.
–Sabe que não é algo de praxe ter padres católicos entre nós...
–Sei disso, Aldo – replicou Alfredo – mas os chefes impuseram o padreco para acalmar à plebe. O embarque dos agregados na Antártica foi transmitido ao vivo pela RTVV. Além do mais ele arrancou a Marca como os outros. O professor alemão embarcou por mediação do Dr. Kauffmann; nas imediações de Stuttgart, onde logo derrubamos dois caças da União Européia e colocamos outros dois em fuga.
–Eu disse para não buscar encrenca. Isso foi uma provocação que pode...
–Isso foi preciso, Aldo – interrompeu Andrés – Kauffmann e Von Kruger são amigos de Valerión e ele os quer aqui.
–Está bem. Mas se arriscaram demais indo à Europa.
–Foi divertido – interveio Maya – ele estava na beira de uma estrada em seu Volks vermelho com bagagem, maleta de médico, material de laboratório, computador e caixotes de livros. Embarcamos tudo em dois minutos, Volkswagen incluído.
–Trouxeram o carro? – escandalizou-se Aldo – Vocês são loucos! Nunca funcionará nesta atmosfera...!
–Ele insistiu em trazê-lo como o primeiro item de um museu marciano – disse o piloto japonês – afirmou que seu carro era seu amor e sentiria muita dor se o abandonasse para enferrujar; mais do que abandonar a sua amada esposa. Quando estávamos voltando, ele enviou um e-mail: "Querida Gretchen; preciso resolver alguns assuntos em Marte. Não me espere para jantar. Beijos. Ludwig."
–Ele tem senso de humor – disse Aldo – Como foi que vocês souberam disso?
–Ele usou o sistema da Ares II e salvamos uma cópia. Kauffmann a traduziu.
–Vocês não têm vergonha? – disse Aldo olhando severamente para todos os presentes – Estragaram um, antes, corretíssimo, jovem japonês!
Hoje se inaugurou a capela e o padre rezou a primeira missa às esposas dos cientistas e crianças. A capela para duzentas pessoas quase encheu. Os astronautas não assistiram por princípio. Aldo recomendou tolerância, mas eles abominavam a religião católica por ser instrumento da opressão em que tinham vivido. De todas maneiras, o sermão do padre foi positivo; falou mal da Nova Ordem Mundial, execrou os traidores e concluiu:

"–Estamos sozinhos aqui; vivendo tempos apocalípticos, porém donos de nosso destino, em Marte; um mundo novo que Deus – qualquer que seja a idéia que tenhamos d'Ele – nos deu para recomeçar e escapar da Grande Tribulação. Como manda o Livro, fugimos às montanhas, onde os servos de Satã não podem nos alcançar para nos colocar a Marca. Devemos amar-nos uns aos outros e amar os nossos guerreiros astronautas antárticos apesar de que eles amam outros Deuses; porque por eles escapamos do Anticristo, a Besta do Apocalipse que governa a Terra. Agradecemos por isso; devemos amar e respeitar o nosso Líder Aldo, que apesar de jovem e descrente, ele é essencialmente bom e nos guiará com mão segura e confiante ao futuro. Devemos rezar e pedir que nossos irmãos oprimidos que ficaram na Terra possam escapar do demônio, como nós conseguimos. Devemos rezar para que se cumpra a profecia do Apocalipse, de que um dia nossos guerreiros voltarão à Terra, descendo do céu para lutar a guerra do Armagedon contra os demônios sicários do Grande Satã e derrotá-los para liberar nosso pobre mundo desse flagelo."
O sermão foi transmitido à Terra, onde a imagem foi captada quase uma hora depois pela RTVV. Aldo soube do sermão na hora do jantar, e com a consciência um pouco pesada por ter sido tão descortês com o religioso, disse aos seus colaboradores:
–Gostei do padre.
–Aceitou que a missa fosse transmitida – disse Regina – e com isso queimou suas naves, como fez Hernán Cortés no México...
–Se ele algum dia voltar à Terra; será assassinado. A ditadura não perdoa.
–Isso não quer dizer que agora assistirás às missas...
–Claro que não, Regina. Ora essa!

–Muitos não se adaptarão e deverão voltar – disse o capitão da Antarte.
–Estou de acordo com você Andrés. Mas o que mais me interessa de momento é saber mais sobre os agregados – disse Aldo.
–Maya teimou em ir ao Japão – interveio Alfredo – conversou em japonês com seus amigos pelo canal celular. Deixamos atrás os caças inimigos, pousamos num descampado perto de Nagashaki e ele pegou o espaço-moto e saiu voando. Uma hora depois voltou com a garota e sua bagagem na garupa.
–Foi um casamento rápido – disse Maya.
–O casal de russos esperava em Antártica – disse Alfredo.
–E o genoma deles?
–Agora é padrão em Antártica, Aldo. Veio equipamento e programas. Adeus às impressões digitais, exame de íris e o mais!
–Se tivéssemos tido isso na Lua, sete meses atrás, teríamos evitado todas aquelas mortes... – murmurou Aldo.
–Quanto aos três franceses – disse Alfredo – aventureiros dos bons. Estavam numa embarcação de dois mastros no Pacífico. Arrancaram a Marca e pretendiam ir para Taiti. Nos chamaram quando íamos para o Japão. Passaram pelo exame e oferecemos carona para qualquer país que desejassem, mas insistiram em vir aqui. Eles merecem. Em Antártica os prepararam. São desertores, lutaram na África quando a França exterminou toda a população do Senegal com gases e ficaram enojados.

–Boa pescaria. – disse Aldo – E com respeito ao religioso?

–Esperava em Antártica. Passou pelo exame, assim como o Dr. Kauffmann e os russos. Patrick Cabot também nos esperava lá. Nossa chegada foi descoberta pelo inimigo; mas a RTVV combateu fogo com fogo e fez uma festa. Agitou bastante.
–Sabe que não é algo de praxe ter padres católicos entre nós...
–Sei disso, Aldo – replicou Alfredo – mas os chefes impuseram o padreco para acalmar à plebe. O embarque dos agregados na Antártica foi transmitido ao vivo pela RTVV. Além do mais ele arrancou a Marca como os outros. O professor alemão embarcou por mediação do Dr. Kauffmann; nas imediações de Stuttgart, onde logo derrubamos dois caças da União Européia e colocamos outros dois em fuga.
–Eu disse para não buscar encrenca. Isso foi uma provocação que pode...
–Isso foi preciso, Aldo – interrompeu Andrés – Kauffmann e Von Kruger são amigos de Valerión e ele os quer aqui.
–Está bem. Mas se arriscaram demais indo à Europa.
–Foi divertido – interveio Maya – ele estava na beira de uma estrada em seu Volks vermelho com bagagem, maleta de médico, material de laboratório, computador e caixotes de livros. Embarcamos tudo em dois minutos, Volkswagen incluído.
–Trouxeram o carro? – escandalizou-se Aldo – Vocês são loucos! Nunca funcionará nesta atmosfera...!
–Ele insistiu em trazê-lo como o primeiro item de um museu marciano – disse o piloto japonês – afirmou que seu carro era seu amor e sentiria muita dor se o abandonasse para enferrujar; mais do que abandonar a sua amada esposa. Quando estávamos voltando, ele enviou um e-mail: "Querida Gretchen; preciso resolver alguns assuntos em Marte. Não me espere para jantar. Beijos. Ludwig."
–Ele tem senso de humor – disse Aldo – Como foi que vocês souberam disso?
–Ele usou o sistema da Ares II e salvamos uma cópia. Kauffmann a traduziu.
–Vocês não têm vergonha? – disse Aldo olhando severamente para todos os presentes – Estragaram um, antes, corretíssimo, jovem japonês!
*******.
25 de agosto de 2013, Domingo.
Hoje se inaugurou a capela e o padre rezou a primeira missa às esposas dos cientistas e crianças. A capela para duzentas pessoas quase encheu. Os astronautas não assistiram por princípio. Aldo recomendou tolerância, mas eles abominavam a religião católica por ser instrumento da opressão em que tinham vivido. De todas maneiras, o sermão do padre foi positivo; falou mal da Nova Ordem Mundial, execrou os traidores e concluiu:

"–Estamos sozinhos aqui; vivendo tempos apocalípticos, porém donos de nosso destino, em Marte; um mundo novo que Deus – qualquer que seja a idéia que tenhamos d'Ele – nos deu para recomeçar e escapar da Grande Tribulação. Como manda o Livro, fugimos às montanhas, onde os servos de Satã não podem nos alcançar para nos colocar a Marca. Devemos amar-nos uns aos outros e amar os nossos guerreiros astronautas antárticos apesar de que eles amam outros Deuses; porque por eles escapamos do Anticristo, a Besta do Apocalipse que governa a Terra. Agradecemos por isso; devemos amar e respeitar o nosso Líder Aldo, que apesar de jovem e descrente, ele é essencialmente bom e nos guiará com mão segura e confiante ao futuro. Devemos rezar e pedir que nossos irmãos oprimidos que ficaram na Terra possam escapar do demônio, como nós conseguimos. Devemos rezar para que se cumpra a profecia do Apocalipse, de que um dia nossos guerreiros voltarão à Terra, descendo do céu para lutar a guerra do Armagedon contra os demônios sicários do Grande Satã e derrotá-los para liberar nosso pobre mundo desse flagelo."
O sermão foi transmitido à Terra, onde a imagem foi captada quase uma hora depois pela RTVV. Aldo soube do sermão na hora do jantar, e com a consciência um pouco pesada por ter sido tão descortês com o religioso, disse aos seus colaboradores:

–Gostei do padre.
–Aceitou que a missa fosse transmitida – disse Regina – e com isso queimou suas naves, como fez Hernán Cortés no México...
–Se ele algum dia voltar à Terra; será assassinado. A ditadura não perdoa.
–Isso não quer dizer que agora assistirás às missas...
–Claro que não, Regina. Ora essa!
*******.
Comentários
Postar um comentário
Responderei a todos os comentários.
Não se acanhe por causa da moderação. Se gostou, comente. Se não gostou critique, mas critique com criatividade, assim pode ser que seu comentário permaneça no blog por tempo suficiente para todos verem.
(As opiniões dos comentários não necessariamente refletem as minhas e às vezes nem as do autor dos comentários...)