Hoje há 10 anos: Star Wars Episódio II.

Uma reportagem retrô
Por Richard Corliss e Jess Cagle
TIME
25 de abril de 2002
(Reeditada e traduzida por MJS em 2012)

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Talvez George Lucas devesse sair mais. Nos últimos três anos, enquanto comandava seu império multimídia de seu reduto palaciano no Rancho Skywalker, em Marin County, Califórnia, ele viveu o sonho adorável de que seu filme de 1999, "Star Wars: Episódio 1 -A Ameaça Fantasma", era universalmente amado. Mas ultimamente, os jornalistas o sacudiram até acordar. "Atualmente estou aprendendo com a imprensa", disse ele. "Eles vêm e dizem: 'Uau, as pessoas odiaram seu filme. O que você acha disso?'".

É isso o que acontece quando o Mágico de Oz dá entrevistas. Mas o primeiro "Guerra nas Estrelas" de Lucas em 16 anos foi vítima de sua própria badalação gigantesca, estimulada por um zilhão de histórias de capa, incluindo a da Time, antes mesmo de qualquer um ter visto o trabalho concluído e pela lembrança coletiva dos espectadores de todo mundo de "Guerra nas Estrelas" (1977) e suas seqüências, "O Império Contra-Ataca" (1980) e "O Retorno de Jedi" (1983). Se a "Odisséia" desfrutou -ou sofreu- da mesma badalação antecipada exagerada que a "Ameaça Fantasma", alguns grego antigos certamente disseram, "Homero se equivocou". E o poeta certamente teria se defendido exaustivamente, como Lucas faz hoje.

Ele provavelmente acha estranho que lhe peçam para justificar um filme que arrecadou US$ 431 milhões apenas nas bilheterias norte-americanas, atrás apenas de "Titanic", do "Guerra nas Estrelas" original e de "E.T., o Extraterrestre" na lista das maiores bilheterias de todos os tempos.


Mas o roteirista-produtor-diretor-megaintelecto - que nas horas de folga comanda uma conglomerado que inclui a produtora Lucasfilm, a produtora de efeitos visuais Industrial Light & Magic (ILM) e estúdio Skywalker Sound- disse que sempre esteve ciente de pelo menos um risco de "Ameaça Fantasma":

O de que Anakin Skywalker, o cavaleiro jedi em treinamento que se transformará no sinistro Darth Vader, era uma criança. "Eu disse: 'Eles vão odiar isso. Eles vão ficar realmente irritados por eu apresentar um herói de 9 anos'. Mas o que posso fazer? Esta é a história. Eu não posso fazer com que tenha 15 anos. A história gira em torno de quem ele é, de onde ele veio. Você precisa começar do princípio".


Agora, com a estréia de "Star Wars: Episódio II -Ataque dos Clones" em 16 de maio, a fábula de Anakin chega à metade, ao recheio, à história de fato. O passado foi um prólogo modesto, como "O Hobbit" de Tolkien para sua saga "O Senhor dos Anéis". Em "Clones", Anakin (o ator canadense Hayden Christensen) está com 20 anos, um jovem adulto com talentos superiores e ambições ainda maiores, irritado diante da tutelagem rígida de seu mentor, Obi-Wan Kenobi (Ewan McGregor), e ousando arriscar seu status na Ordem Jedi, que proíbe relacionamentos românticos, buscando uma paixão imprudente com a senadora Padme Amidala (Natalie Portman). Eles se esquivam do possivelmente traiçoeiro senador Palpatine (Ian McDiarmid), e enfrentam o jedi rebelde Dooku (Christopher Lee) e seus dróides com um exército clonado do vil caçador de recompensas Jango Fett (o ator maori Temuera Morrison).

Lucas, que fará 58 anos dois dias antes da estréia do filme, tende a se preocupar; ele até mesmo chegou a pensar que "Ameaça Fantasma" seria um desastre de bilheteria. "Só há uma preocupação para o cineasta", disse ele.

"Será que este filme recuperará o investimento para que eu possa fazer o próximo? Com 'Ameaça Fantasma' nós não sabíamos. Ele não contava com Harrison Ford, Mark Hamill, Carrie Fisher. Não era algo certo". Pode até ser, mas mesmo assim, o novo filme parece como Shaquille O'Neal a um metro da cesta. Apesar de enfrentar uma dura concorrência do "Homem-Aranha" duas semanas antes -e nas semanas seguintes, de "Homens de Preto II", "Austin Powers in Goldmember", e "Minority Report", este dirigido por Steven Spielberg e estrelado por Tom Cruise- "Clones" é a aposta mais certa do verão. Apenas em termos de apelo de massa, o filme amplia o público alvo da franquia dos meninos de 12 anos (a parte de ação) para meninas de 15 anos (as seqüências românticas). Se funcionar, Lucas terá os mercados de "Guerra nas Estrelas" e "Titanic" em um único pacote.

Após assistirmos à uma montagem preliminar do filme e lermos o roteiro, nós podemos dizer que "Clones" parece destinado a recolocar a série nos trilhos - e fornecer duas horas empolgantes de diversão. Ele superará facilmente o último filme em calafrios (quando duas criaturas centípedes nojentas chamadas "kouhuns" rastejam na cama onde Padme dorme) e emoções (quando Anakin e Obi-Wan perseguem a caçadora de recompensa Zam Wessel pelo maravilhosamente diverso cenário urbano noturno de Coruscant).

"Clones" está lotado de centenas de criaturas geradas por computador, de novos astros digitais como o cozinheiro de quatro braços Dexter Jettster até os familiares, Yoda, Watto e Jar Jar Binks, a criatura irritante em torno da qual a decepção em torno de "Ameaça Fantasma" se cristalizou. Lucas atribui a culpa pelo sentimento anti-Jar Jar aos "sujeitos de 37 anos que passam o tempo todo na Internet.

Mas é preciso lembrar que quando fizemos 'O Império Contra-Ataca', algumas pessoas odiaram C-3PO. Quando fizemos 'Jedi', eles odiaram os Ewoks. Não havia Internet para disseminar isso, mas o papo era o mesmo. Os fãs têm suas opiniões, e isto é bom. Mas não posso fazer um filme para os fãs". Todavia, Jar Jar tem um papel bem menos proeminente desta vez.
Nos cinemas você ouvirá um viva dos Binkófobos quando, ao fazer uma anedota, Padme o interrompe bruscamente.

Yoda também poderá ser alvo de algumas críticas, já que não é mais o querido marionete manipulado por Frank Oz. Agora ele é plenamente gerado por computador. Mas graças ao supervisor de animação da ILM, Rob Coleman, e sua equipe, Yoda está mais pensativo e ágil do que sua versão anterior, como quando lança um olhar cético diante de um comentário do senador Palpatine. E quem imaginaria que nosso sábio sedentário seria um artista marcial tão hábil, com manobras de sabre de luz tão velozes quanto seu discurso é tortuoso? Um Gandhi transformado em Rambo, Yoda é o verdadeiro herói de ação do filme.

Mas será que podemos chamá-lo de filme? Lucas parece disposto a tornar a palavra obsoleta: "Clones" é de longe o filme mais ambicioso a ser rodado e, em certos cinemas, exibido com tecnologia digital. Para uma indústria cinematográfica que tem sido lenta na adoção do cinema digital, "Clones" anuncia um avanço que Lucas compara ao advento do som e à chegada da cor. Os
magos da Lucasfilm, Panavision e Sony uniram sua experiência para conceber lentes e câmeras sofisticadas que permitem imagens digitais capazes de substituir o filme de 35 mm tradicional. O resultado é uma imagem estarrecedoramente clara, que dá um glamour hiper-real à cidade de Coruscant e aos cenários pastorais do planeta natal de Padme, Naboo.

Lucas pode ser obcecado por tudo o que é digital, mas neste filme ele e o co-roteirista Jonathan Hales também parecem plenamente engajados com seus personagens de carne e osso. Obi-Wan, na forma de um barbado Ewan McGregor, está crescendo em sua autoridade moral e juízo mal-humorado, que Alec Guinness projetava como o Kenobi mais velho em "Guerra nas Estrelas". Sua preocupação com Anakin tem um toque paternal. Na perseguição noturna em Coruscant, Anakin é o adolescente fanático por carros de muitos filmes de Lucas, e Obi-Wan é o pai nervoso do demônio da velocidade que lamenta ter dado ao filho as chaves do sedã da família.

Quanto a Padme e Anakin, eles podem ser o primeira dupla romântica plausível na filmografia de Lucas. A história deles é a da chegada à maioridade: a lenta compreensão de Padme de que o menino de 9 anos que ela deixou para trás cresceu. A princípio ela rebate o ardor dele ao chamá-lo pelo seu antigo diminutivo, Annie -um apelido de menina, uma gentil desvirilização- e lhe dizendo, "você sempre será o menininho que conheci em Tatooine". Ele não ajuda a si mesmo ao falar em casamento em toda oportunidade. (Há algo menos sensual do que declarar devoção?) Mas gradualmente, Padme, seduzida pela sagacidade de Anakin e sua impressionante habilidade marcial, percebe que eles estão destinados a ficarem juntos. E não apenas porque o público sabe que serão os pais de Luke Skywalker e da princesa Leia. À medida que a galáxia caminha rumo à catástrofe, a iminência de uma guerra total os une, dá o peso emocional ao amor jovem deles, torna o romance mais urgente.

O Anakin de "Clones" é um sujeito atraente, cheio das contradições de um homem jovem. Ele respeita a ética Jedi ao mesmo tempo em que se esforça para driblar sua rigidez; ele ama tanto sua mãe distante quanto a tentação real ao seu lado; ele pratica um massacre vingativo mas sente remorso por tê-lo feito; ele desarma e é, literalmente, desarmado. Mas no final de "Clones", Anakin ainda é um cavalheiro intrépido e decente, distante anos-luz do maléfico Vader.

Então como Lucas, que antes criou o angelical Luke, transformará seu novo herói em Lúcifer? "Ele se torna Darth Vader porque passa a se apegar às coisas", disse Lucas. "Ele não consegue se desapegar de sua mãe; ele não consegue se desapegar de sua namorada. Ele não consegue se desapegar das coisas. Isto torna você avarento. E quando você se torna avarento, você está no caminho do lado negro, porque você passa a temer perder as coisas, a temer que não terá o poder que necessita".

Por trás das três linhas de ação, romance e desenvolvimento de personagem se encontra um senso de drama político, prenunciado em "Ameaça Fantasma". Se aquele filme tinha uma mensagem, era: evite reuniões. O filme freqüentemente se arrastava com seu falatório senatorial, que era tão atraente quanto uma audiência preguiçosa sobre mensagens não solicitadas na Internet. A política também é importante em "Clones", mas como um debate envolvendo três partes: o idealismo de Padme colidindo com o cinismo de Obi-Wan e com o "realpolitik" de Anakin.

Obi-Wan lembra John McCain falando sobre a reforma do financiamento de campanha: "Digo por experiência que os senadores se concentram apenas em agradar aqueles que financiam suas campanhas (...) e de forma alguma temem esquecer os refinamentos da democracia para obterem tais recursos". Padme, em uma cena do filme, soa como Kofi Annan pedindo a favor dos palestinos
quando diz ao Senado: "Se você oferecer violência aos separatistas, em troca eles só poderão nos mostrar violência! Muitos perderão suas vidas. Todos perderão sua liberdade". Anakin, como Brutus pouco antes dos Idos de Março, diz que se o Senado não consegue resolver suas diferenças, "então devem ser forçados a isso". Mas por quem? "Alguém sábio", diz ele. Padme pondera:
"Isto soa como uma ditadura para mim".

E qual é a posição de Lucas nesta polêmica política? "Eu pendo mais para o lado liberal", disse ele. "Eu cresci em São Francisco nos anos 60, e minhas posições foram moldados por aquilo... Se você olhar para 30 anos atrás, há certas questões com os Kennedys, com Richard Nixon, que sempre atraíram meu interesse". A própria geopolítica de Lucas pode soar um tanto desoladora:
"Todas as democracias se transformaram em ditaduras - mas não por golpe. As pessoas entregaram sua democracia para um ditador, seja Júlio César, Napoleão ou Stalin. No final, a população em geral acompanha a idéia... Que tipo de coisas conduzem as pessoas e instituições nesta direção?"

Em "Clones", Lucas segue um caminho que busca responder a tal pergunta.
"Esta é a questão que estou explorando: como a República se tornou o Império? Isto corre paralelamente a como Anakin se tornou Darth Vader? Como uma pessoa boa se torna má, e como uma democracia se transforma em ditadura?
O Império não conquistou a República, o Império é a República". Os comentários de Lucas tornam mais claras as ligações entre a trilogia de Anakin e a trilogia de Luke: a de que o Império nasceu da corrupção da República, e que alguém tinha que combatê-la. "Um dia a princesa Leia e seus amigos acordaram e disseram, 'Isto não é mais a República, é o Império. Nós somos os vilões. Bem, nós não concordamos com isto. Esta democracia é uma enganação, está tudo errado'".

Lucas descreve o Império como se fosse o fascismo opressivo, de fórmica branca sobre branca, de seu primeiro filme, o ousadamente desolador "THX 1138". Em 1970, Lucas e seu mentor, Francis Ford Coppola, estavam na vanguarda de sua geração. Eles eram formados em faculdades de cinema que esperavam transformar a indústria do cinema em arte. Certamente estes garotos revolucionários criariam um cinema adulto, audacioso, pós-Hollywood.

Mas é um truísmo dos diretores americanos: você se torna quem você é.
Coppola, o ex-diretor teatral e filho de um músico clássico, pegou a estrada artística, fazendo filmes operísticos, centrados em atores, que às vezes encontraram um público mais amplo ("O Poderoso Chefão", "Apocalypse Now").
Lucas, que na faculdade escreveu um tema que começava assim, "Era uma vez na terra do Zoom...", e que amava mexer em carros, representou sua adolescência em Modesto, Califórnia, em "American Graffiti -Loucuras de Verão". Então ele recriou suas amadas revistas em quadrinhos e seriados B de sua juventude em "Guerra nas Estrelas", um filme tão estilizado e estéril quanto uma animação abstrata, porém uma aventura potente o suficiente para agradar às massas.

As crianças que assistem aos novos filmes da série Star Wars podem achar que os filmes sempre foram assim, porque a maioria se assemelha a eles agora.
Mas o primeiro épico Jedi de Lucas foi, à sua maneira, revolucionário. Ele estabeleceu a ficção científica como um gênero popular e adolescentes como o público que gera os grandes sucessos, ao correrem para comprar os ingressos das primeiras sessões e voltando repetidas vezes. Ele incitou a indústria de brinquedos com seu grande número de personagens. "'Guerra nas Estrelas' tinha tudo a ver com brinquedos", disse Brad Globe, executivo de merchandising do estúdio DreamWorks. "Não se limitava apenas a um personagem ou um veículo; um mundo inteiro foi criado, sendo posteriormente ampliado a cada filme".

Graças a Lucas e sua equipe brilhante, os efeitos especiais se tornaram a mais bela nova ferramenta do estojo de tintas cinematográfico. "Guerra nas Estrelas" convenceu os cineastas de que era possível fazer qualquer coisa maior e melhor para aprimorar a cena", disse Jason Barlow, principal animador por computação gráfica da empresa de efeitos R!ot. "Agora, com a tecnologia digital, mágica de verdade pode virar realidade". O filme até mesmo mudou a forma como filmes são financiados. O crítico cultural John Seabrook destaca: "Devido ao seu estrondoso sucesso de bilheteria, ele despertou interesse entre as pessoas de Wall Street, que antes viam Hollywood como peixe pequeno. Os números de 'Guerra nas Estrelas' trouxeram uma nova variedade de investidores e gerentes financeiros para a indústria cinematográfica".

Lucas se tornou o menino de ouro de Hollywood. Ele podia dirigir o que bem quisesse, em uma época em que diretores estavam sendo canonizados como artistas-autores. Ao invés disso, Lucas transferiu as rédeas da direção de "O Império Contra-Ataca" para Irvin Kershner, um diretor de meia-idade de dramas pequenos. Por que ele fez isso?

Porque ele estava muito ocupado. "Eu me vi tendo que desenvolver muitos desenhos de produção para 'Império' e cuidar do roteiro enquanto também iniciava uma série de empresas -a ILM, Skywalker Sound e Lucasfilm. Eu estava abrindo uma empresa de videogames. Eu estava desenvolvendo a edição digital de filmes. Na mesma época eu estava inaugurando a Pixar" - sim, ele foi o dono original desse estúdio pioneiro de animação por computador, e depois o vendeu para Steve Jobs em 1985 - "e lançando a animação digital e o cinema digital. Eu também estava trabalhando em 'Caçadores da Arca Perdida'", do qual foi produtor-executivo e co-roteirista. "E eu estava financiando sozinho um filme". Depois de "Guerra nas Estrelas", Lucas decidiu ser seu próprio chefe, ser o dono de seus filmes. Com a renda de seu filme de sucesso e seus produtos derivados ainda mais rentáveis, ele pagou sozinho por "Império", e então o arrendou para a 20th Century Fox.

Quando trabalhou para os estúdios de Hollywood, Lucas se irritou com a forma como remontaram "THX" e "Graffiti". Depois de "Guerra nas Estrelas" ele tinha o poder e a ousadia para insistir que dali para frente, Hollywood trabalharia para ele.

"Basicamente, 'Império' foi minha forma de dizer, 'Eu não vou submeter minhas idéias novamente aos outros. Elas não vão mais me dizer como editá-las ou falar sobre estudos de mercado. Eu não vou viver naquele mundo'. Eu tinha esta oportunidade fantástica de me tornar completamente
independente, e eu a aproveitei".

Em 1983, Lucas também teve que lidar com o fim de seu casamento de 14 anos com Marcia Griffin Lucas, que trabalhou como montadora em "Graffiti" e nos três filmes da série Star Wars. Eles dividiram a paternidade da filha adotada, Amanda. Lucas passou os 12 anos seguintes cuidando de Amanda e de outras duas crianças que adotou sozinho, Kate e Jett. Ele colocou a saga Star Wars de lado e, ele disse, "decidi fazer algo diferente na minha vida.
Eu produzi muita coisa para TV; produzi filmes. Eu fiz outras coisas que eram mais conducentes com a criação de filhos".

"Eu achei muito difícil", disse Lucas sobre ser pai solteiro de Kate e Jett.
"'Será que posso fazer isso? Será que devo?' Crianças crescem sem mães, crianças crescem sem pais, mas é melhor para elas terem os dois. Eu agonizei em torno do assunto, mas nunca mais o questionei desde então. A partir do momento em que você passa a fazer parte de uma família, tais preocupações passam a ser insignificantes. Meus filhos não têm uma vida perfeita. O pai deles é mais famoso do que deveria, e eles não têm uma mãe, e eles precisam superar isso. Mas não estou certo de que em um mundo perfeito teria sido de alguma forma diferente. E não há mundo perfeito".

Apesar de seus interesses cinematográficos - não apenas as empresas, mas também o personagem Indiana Jones de "Caçadores", que gerou mais dois filmes e uma série de TV- ele permaneceu, e continua sendo, um pai dedicado em tempo integral. Mas ele tinha um cria negligenciada, a saga Star Wars, que precisava de sua ajuda para crescer. Lucas começou a escrever a nova trilogia em 1994, com "Ameaça Fantasma". Desta vez, ele a dirigiria.

Assim que concluir "Clones", Lucas dedicará seu tempo em que não atua como pai ao episódio final da série, no qual Anakin se rende - ou ascende - ao Lado Negro. "O próximo filme será realmente sombrio", disse ele. "A questão é, será que as pessoas o apoiarão? Mas eu preciso contar a história. E quando eu terminar, terei 60 anos. Há muitas coisas que quero fazer na minha vida além disto. Há uma série de programas de TV que eu gostaria de fazer. Há meia dúzia de filmes que ficaram na minha cabeça nos últimos 30 anos. Alguns deles são extremamente não comerciais; pode ser que nem os lance. No momento estou em uma posição onde posso dizer, eu vou fazer este filme porque eu quero assisti-lo. Faremos algumas exibições e ponto final. Ou lançar
diretamente em DVD ou no Independent Film Channel (canal do filme independente)".

Lucas, o pai responsável, o diretor renascido, agora parece ansioso em redescobrir parte de sua juventude: a de fã de filmes de vanguarda. Assim talvez não importe que o Sábio do Rancho Skywalker não passe muito tempo no fuliginoso mundo real. Ele está muito confortável vivendo onde mora: naquele mundo brilhante de fantasia -prolífico, galáctico, ainda não totalmente mapeado- conhecido como a mente de George Lucas.
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