Mundos Paralelos - Capítulo 9-9.8

9-9.8

A festa estava no apogeu.
Os russos organizaram um baile de danças de cossacos. Basil Muslimov, engenheiro da Prometeo, era conhecido como O Russo Alegre. Tocava a balalaica à perfeição e agora tocava uma bonita música que os russos bailavam enquanto os outros acompanhavam batendo palmas.
 
O recém casado Konstantin dançava de braços cruzados, apoiando-se numa perna só. A reduzida gravitação marciana facilitava suas acrobacias, celebradas pelos camaradas que aplaudiam e cantavam com grande animação.

No meio disso tudo, Marcos e Bárbara dispunham-se a fugir, sendo percebidos por Aldo, que os deteve:

–Não vão ainda, tenho que lhes dar meu presente de casamento.



–Claro; irmão – disse Marcos sorridente – o quê é?
 
–Esta chave.
 
–A chave da Antílope? – exclamou Bárbara.
 
–Sim, cunhada, que sejam felizes.
 
*******.

As quatro da manhã, a Antílope decolou, levando como passageiros Boris e Regina. Os dois casais passariam a lua-de-mel na estação orbital. Leif e Mara partiram para Angopak e Lúcio e Eva foram para Dheimos, onde passariam uma temporada.

Lídia e Konstantin ficaram no acampamento. Às quatro e meia, Inge encontrou-se com Aldo no alojamento dele.

–Sobramos.

–Sim – respondeu ele.

–Solteiros. Como corresponde a todo herói e toda heroína. – disse ela.

–Tu e eu nunca falamos em casamento. Todos fomos selecionados em casais em Antártica. Teoricamente, neste momento deveríamos estar casados. Sempre fomos muito unidos, como irmãos e nunca pensamos em que tínhamos que nos casar algum dia, Inge. Será que o computador de Antártica cometeu uma equivocação? Mas eu te amo muito, Inge. Sabes disso.

–Eu também te amo, Aldo.

–Querias casar desta vez, em lugar de celebrar os casamentos dos outros?

–Não, não quero casar agora; não estou preparada.

–Também não me sinto preparado. Acho que algumas coisas devem acontecer antes de nossa união definitiva. Sinto que devo fazer coisas antes de casar, sinto que não é o momento. Não tenho estado mental para isso.

–Entendi. Sinto-me igual. Regina disse que ainda falta algum tempo para meu desejo se manifestar, porque eu não tive infância. Proponho uma coisa, Aldo; quando chegarmos a Júpiter; se os deuses permitirem, nos casaremos.

–Combinado.


–Agora vou dormir para me recuperar da festa.

–Eu também estou acabado. Preciso dormir para poder trabalhar no projeto.


Ambos beijaram-se longamente, com carinho, e a jovem foi embora para seu alojamento, onde agora deveria viver sozinha, após o casamento e partida do seu irmão; deixando Aldo em companhia dos seus pensamentos.


Pela janela, Aldo viu-a afastar-se.

Até esse exato momento; o universo funcionava a contento sem mudanças imprevistas.

Ainda os mundos paralelos não tinham entrado em colisão.

*******.

Mundos Paralelos ® – Textos: Gabriel Solis - Arte: André Lima.

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