Mundos Paralelos - Capítulo 3 - 3.2

3.2
Ponto de Apoio,
(ainda 20 de abril de 2013).

–Tudo bem. Mas estou meio preocupado com a segunda parte do que você disse, Aldo – observou Marcos, servindo-se mais café – ainda que parece que estamos num local pouco freqüentado. Os detectores não indicaram movimento de vida
superior durante a noite em 100 kms em volta.

–E as concentrações de calor, Lúcio?

–Tão normal como numa cidade da Terra, Aldo, veja as fotos.

Lúcio estendeu a mão ao terminal e digitou um comando. Em seguida apareceu uma vista da cidade ao sul do local onde se encontravam. Parecia bem organizada, com edifícios piramidais, grandes, complexos e outros pequenos. Dispostos de maneira quadrangular, com ruas, esquinas e o mais.

–Na frente dos nossos olhos o tempo todo! – indignou-se Aldo – As sondas do
século passado nos mentiram! Não podemos saber com certeza onde caíram essas malditas sondas!... Ainda bem que destruímos as que estavam em cima!

–Não podemos confiar nas enciclopédias do sistema – replicou Marcos – e nem nos mapas que o Esquadrão Shock roubou para nós da Mars Global Surveyor, lançada em novembro de 1996.

–É um dilema – concordou Nico, que ouvira em silêncio, mastigando pão de centeio feito a bordo – há no sistema mapas da Mars Global Pathfinder, lançada em 2 de dezembro de 1996, e que tinha um robô, o Sojourner. Pousou com pára-quedas e
air bags para amortecer a queda, em Ares Vallis lugar que segundo as elucubrações do inimigo, já foi “rico em água quente”. Isso se foi realmente em Ares Vallis.

–Em 1993 perderam a Mars Observer – interveio Marcos – ficou em silêncio antes de chegar. Isso disseram na ocasião. Nestas alturas...

–Sugiro que veja a outra foto – disse Lúcio, colocando-a na tela.
Desta vez o plano mais alto, abrangia o acampamento, a cidade já vista e mais outra, ao leste além da mancha verde e um deserto.

–Este local é interessante – disse Lúcio – há duas massas de água em forma de meia-lua rodeando o território no qual os edifícios são maiores que os da outra cidade.

–E todas as duas parecem ter terras de cultivo – observou Nico.

–Onde? – perguntaram a coro. A observação do médico pegou-os de surpresa.

–Aqui, ao sul e também ao norte da cidade dos lagos, e ao leste desta outra cidade que está ao sul de nós...

–Nico; és muito observador! – admirou-se Aldo.

–Talvez porque sou médico. Gosto de detalhes.

–Ainda não resolvemos o que vamos fazer respeito aos nativos, Aldo.
–Nada por enquanto, Marcos. Vamos tentar passar despercebidos até fazer-nos fortes. Temos que saber qual é a sua aparência e seu poder tecnológico, se é que eles o têm. A não ser que sejam Alfas; se forem os detonamos com bombas.

–E se não forem?

–Se não forem deveremos tentar fazer um primeiro contato... Amistoso ou não.

–Como “amistoso ou não?” – perguntou Boris.

–Simples – respondeu Aldo – se o contato for amistoso, poderemos cumprir o
nosso cronograma em paz, até que seja tarde para tentar deter-nos.

–Caso contrário?

–Caso contrário; damos uma bordoada firme, Boris. Deveremos lutar como
antárticos que somos, para merecer este mundo. Está na hora de começarmos a conquistar nosso espaço à força, se for o caso. Foi para isso mesmo que viemos aqui.
*******.

No resto do dia eles completaram a infra-estrutura da circunferência, cujo centro era o mastro da bandeira. Instalaram o escudo e o testaram. Após o meio-dia dividiram em quatro a circunferência com duas ruas perpendiculares de dois mil metros de comprimento; o espaço destinado às futuras construções e às pistas de pouso, e demarcaram o local onde se iniciaria a escavação de um poço para colocar o combustível de reserva que seria trazido pelas próximas naves.
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Mundos Paralelos ® – Textos: Gabriel Solis - Arte: André Lima.

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